
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Moussa

O Escritor
Vestindo um casaco cinza sobre uma camisa clara sem gravata, este homem sereno, de ar simples e sério, entrou na livraria seguido do seu editor, circulou pelo estabelecimento cumprimentando pessoas notáveis e outras mais comuns, consultando algumas obras expostas nas prateleiras antes de ocupar a cadeira ali disposta para a tão aguardada apresentação da sua última obra.
Após algumas palavras elogiosas do seu editor, o escritor discursou sobre o livro que acabara de escrever, acentuando a ideia que após o término do seu trabalho e para que pudesse se desligar da obra, os personagens tinham inexoravelmente que "morrer" .
Escola D. Isabel de Lencastre, 1969, Beira Moçambique
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Instrumentos Musicais de Moçambique

No seu livro intitulado “Instrumentos Musicais de Moçambique”, escrito na década de sessenta, a antropóloga alemã Margot Dias, (que efectuou um trabalho pioneiro na área da etnomusicologia, no estudo da cultura material e do parentesco), diz-nos: “…a função de pilar, com o seu ritmo e som provocado na cavidade do recipiente de madeira, seduziu o homem a usá-lo como instrumento musical”.
A Árvore Sagrada

A marrufeira, (trichilia emética), a árvore sagrada, é considerada um objecto simbólico de sacrifícios e oferendas aos antepassados, que dá um fruto de cujas sementes se extrai um óleo muito rico designado por marrufa e é também utilizada na construção da timbila Chope. Na manufactura desta, é também usada a pele de um roedor a que chamam ivondo, cujo efeito sonoro, nasalado e com vibrações típicas, provoca certos sentimentos de natureza espiritual nos ouvintes, que está ligado à concepção cosmogónica dos Banto.
Edgar Nasi Pereira
De Edgar Nasi Pereira: (…) “Vem do fundo dos tempos a tendência humana de realçar os encantos naturais, recorrendo a processos de embelezamento variados, harmónicos, com específicas concepções de boniteza. O vestuário pode ter surgido primeiro como agasalho só depois se transformando em ornamento ou atavio. (…) Em África, talvez por o corpo andar mais exposto - o clima geralmente não exige abafos - e só por tardiamente o luxo das vestimentas ter penetrado o longínquo interior, são muitas e variadas as formas de aformoseamento (…) O modo lento com que se processou a aculturação ou assimilação de conhecimentos próprios das gentes contactantes explica a manutenção de uma certa pureza até aos nossos dias. (…)
Costa Oriental
Costa Oriental
Sou da costa oriental
ritual espiritual
o meu continente
é África, Meridional
O meu oceano é Índico
Indigo, indío
onde as praias são mais azuis
onde a luz é mágica
E na Beira à beira mar
vou sonhar, eu vou sonhar
canto até o sol raiar
Bela Vista à vista
não é pra turista
disfrutar
Sou da Ponta de S. sebastão
basta de confusão
minha terra é ouro sobre azul
sou do sul, sou do sul
Sou do Trópico de Capricórnio
deus demónio vou exorcizar
do deserto do Calaari
desertar, desertar